Resenha: V de Vingança - Alan Moore & David Lloyd

by - terça-feira, janeiro 19, 2016

Título Original: V for Vendetta
Autor: Alan Moore 
Arte: David Lloyd
Ano de Publicação: 1982 
Editora: Panini Books
ISBN: 9788573512991
Sinopse: Londres. Cinco de novembro de 1997. Numa Inglaterra dominada por um regime totalitário, uma figura misteriosa chamada simplesmente V, usando vestimentas e uma máscara que evocam a imagem de um infame personagem histórico britânico, desponta no horizonte como a única chance de que haja liberdade novamente. Chegou a hora de alguém levantar a voz e dar um basta à situação vigente... A poderosa e aclamada obra concebida pelo genial escritor Alan Moore e o excepcional desenhista David Lloyd finalmente ganha uma edição à altura de sua importância, contendo a história completa, esboços originais, notas e uma detalhada explanação do autor sobre a criação desta maravilhosa HQ. 

Remember, remember, the 5th November...

Primeira resenha de uma HQ no blog e tenho muito orgulho de dizer que foi uma escolha muito acertada. Antes de mais nada, estou muito contente de iniciar nesta mídia este ano, mesmo que aos poucos. O V de Vingança eu peguei emprestado do meu irmão para leitura e já adianto que foi uma experiência aterradora e incrível.

Não posso deixar de fazer um paralelo da trama com a obra de George Orwell, 1984 que eu li já faz uns dois anos. Em V de Vingança temos muitos dos temas citados na obra do escritor inglês representados na escrita de Alan Moore e na arte de David Lloyd, porém de uma forma mais brutal, cruel e sem escrúpulos em todos os sentidos. Não é uma leitura fácil e apesar de não ser uma HQ extensa, a leitura pode ser demorada pela necessidade de quem lê absover e digerir toda a informação ali apresentada. Particualrmente eu precisei parar muitas vezes a minha leitura para este exercício.

O fato que torna a narrativa da história tão mais real e próxima da nossa realidade são as semelhanças com sociedades totalitárias do passado, como o fascismo e o nazismo na Alemanha - tanto que há a presença de campos de concentração e destruição de minorias na trama, este sendo os grupos que não compactuam com o "estado perfeito" da ditadura ideológica e social da Inglaterra totalitária. 

Temas como liberdade e anarquia permeam o roteiro com diálogos com diversas referências desde Shakespeare ao cinema clássico, passando por citações de acontecimentos históricos importantes. Também deveras que Guy Fawkes foi um soldado britânico que realmente tentou explodir o Parlamento no século XVII, mas foi preso antes de concluir o plano. Na HQ, porém o nosso Guy Fawkes que atende pelo nome de V executa um plano ambicioso e até maluco para destruir o poder opressor que assola o país.

Entretanto, V não é um herói com moral e discursos de motivação. Ele pode ser tão cruel e mesquinho a ponto de tirar qualquer coisa ou pessoa do seu caminho - isso a personagem e co-protagonista Evey descobre muito bem com o tempo e o conflito dela reflete no próprio conflito do leitor que se perguntar: afinal, V é bom ou mau?

Eu não sei como responder esta pergunta e acredito que não seja importante a resposta, porém o que eu digo é que ele usou de muita inteligência para propagar suas ideias e não deixá-las morrer de uma forma simples, mas que no fim se tornou algo brilhante. O final principalmente foi de surpreender, pois me pegou de surpresa de todas as maneiras. Como dizem, há coisas que não são possíveis de tirar de um ser humano...

Os personagens secundários da trama também ganham muito destaque, em especial o polícial e investigador Eric Finch, a ambiciosa Hele Hayer e a tímida Rosemary Almond que se torna umas das mais imporantes e mais inesquecíveis personagens da trama quando você menos espera. Por últimos temos a própria Evey e sua evolução ao decorrer da história pela influência de V. 

Se de fato a liberdade humana é alcançável ou apenas utopia, os autores se limitam a dar a ideia, a semente inicial do que poderia acontecer e as consequências de escolhas certas e erradas. V de Vingaça não é apenas uma história de revolução anárquica, mas também de reflexão quanto até que ponto podemos chegar para alcançar o poder, seja pela força e conspirações políticas, seja pela idelogia e pelo bem comum  - e que muitas vezes nós mesmos construimos prisões para os nossos ideiais e valores, talvez por medo de julgamentos. 

A ambiguidade e mistério do protagonista V torna toda a trama muito mais incrível e chocante, com o enrendo fugindo de todos os clichês possíveis. Sem dúvida, uma das mais brillhantes histórias que eu já li. 

Sem muitos spoilers rs

Apêndice no final


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