[Resenha] Ortodoxia - G.K. Chesterton
Às vezes é necessário que alguém que conhece muito bem a si mesmo nos diga algumas verdades óbvias. Não é segredo que vivemos em um século tragado pelo relativismo onde a verdade parece que desapareceu, sendo esta apenas o "cada um com a sua". Traçar um caminho de busca à ela não é qualquer um que a faça, mas o senhor Gilbert Keith Chesterton não é qualquer um.
Publicado pela primeira vez em 1908 na Inglaterra que já sentia as mudanças no qual o autor irá retratar na obra O Que Há de Errado com o Mundo dois anos depois, Ortodoxia nada mais é do que o caminho de conversão exposto de forma sincera e racional do Gordo de volta à Igreja Católica. Diferente de qualquer testemunho que se vê hoje - alguns com muitos exageros - Chesterton nos pega pela mão e nos obriga a um esforço filosófico para compreendermos a rota que traçou para ele chegar às conclusões fundamentais sobre o Cristianismo.
Chesterton no início do livro nos apresenta sua "razão pura", aquelas convicções que nasceram e continuaram com ele por toda a sua vida no qual ele nomeia como o país das fadas. O maravilhamento infantil diante da realidade da vida é o primeiro passo que ele nos mostra que alguém deve se obrigar, maravilhamento este que é sufocado até mesmo nas crianças de berço, porém este é essencial para se chegar ao conhecimento - tal qual como Chesterton o fez.
É visível o período de confusão de ideias que o autor viveu onde ele narra as influências de diversas correntes de pensamento que quebrou o encanto inicial, fazendo-o enxergar a vida de forma torta e incorreta. A ideologia que ele mais ataca são as raízes do progressismo como conhecemos, pensamento que hoje distorce as relações humanas em níveis catastróficos.
Em meio a tudo isso, Chesterton desiludido com tais ideias percebe que o Cristianismo, em especial a Igreja Católica permanecia em intacta em sua doutrina que sempre ia na contramão do mundo, mas que o atravessou os séculos em meio ao caos sem perder sua essência e seu Líder. Aos poucos o autor percebe que muitas das convicções que tinha, a Igreja já havia ensinado e exposto anos antes - a verdade imutável que move a humanidade, diz ele.
Sem ideal, a humanidade anda em círculos de destruição de si mesma, substituindo ideiais por outros como se trocam as meias. "O progresso é preguiçosos, pois podemos ficar parados esperando que ele aconteça" diz Chesterton enquanto que propagar a Verdade - esta com v maiúsculo - nos exige esforço e sair do lugar comum tal qual a Igreja sempre o fez desde o início.
Ortodoxia é muito mais do que um testemunho de fé de Chesterton no Cristianismo, mas também é um verdadeiro tratado de como chegar a esta fé em um mundo que deu as costas para o seu Criador.
Nome: Ortodoxy
Autor: G.K.Chesterton
Editora: Ecclesiae
Nº de páginas: 280
10 comentários
SENSACIONAL! Obrigado pela resenha e pela simplicidade. Não li ainda, mas tenho na meta Hereges, Ortodoxia e O homem eterno, e muitos dizem que a leitura é um pouco dificultosa de entender. Como não estou acostumado, procurei resenha para me preparar e acabei achando um mundo silencioso, que também faço parte! Que Deus abençoe sua vida! Abraço!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário! É verdade que a leitura é um pouco difícil sim, mas vale muito a pena o esforço. Boa leitura, abraços!
ExcluirO que esse cara tem de livro bom é incontável...
ResponderExcluirParabéns, você está fazendo um grande favor pra humanidade divulgando suas obras!
A propósito, parabéns pelo excelente blog!
ExcluirChesterton é sensacional, sua obra precisa ser redescoberta.
ExcluirMuito obrigada, Mauro!
Abraços.
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ResponderExcluirÓtima resenha, Juliana. PARABÉNS!! Complementarmente à tua análise, julgo que seja de grande valia destacar, também, a oposição que Chesterton faz ao racionalismo exacerbado, que, dissociado do senso comum - abarcado pela religião, mitologia, literatura, contos de fadas etc. -, conduz ao suicídio do pensamento. Vale lembrar, ainda, a sátira genial que Chesterton faz às vertentes materialistas e cientificistas, bem como às débeis filosofias de Schoppenhauer e de Nietzsche. Extraordinário!!
ResponderExcluirQue interessante!!
ResponderExcluirVou ler "O Homem Eterno", do mesmo autor, primeiro. Mas esse também parece bem interessante.
Parabéns pela resenha!
sonhos-e-suspiros.blogspot.com.br
Obrigada Dafne! Também lerei O Homem Eterno espero que ainda este ano.
ResponderExcluirAbraços!
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Obrigada.