Resenha: As Crônicas de Nárnia Vol. Único - C.S. Lewis
Título Original: The Complete Chronicles of NarniaAutor: C.S. Lewis
Tradutores: Paulo Mendes Campos e Silêda Steurganel
Ano de Publicação: 2001
ISBN: 978-85-7827-069-8
Editora: Martins Fontes
Sinopse: Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e batalhas épicas entre o bem e o mal - o que mais um leitor poderia querer de um livro? O livro que tem tudo isso é O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, escrito em 1949 por Clive Staples Lewis. Mas Lewis não parou por aí, Seis outros livros vieram depois e, juntos, ficaram conhecidos como As crônicas de Nárnia. Nos últimos cinquenta anos, As crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia 'para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Casa um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações.
Eu mal podia esperar para iniciar a leitura do referido livro. Já fazia bastante tempo que eu tinha o exemplar guardado na estante, e finalmente conhecer as histórias que tanto me fascinaram depois do filme O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa foi muito mais do que prazeroso: foi mágico.
Comecei
a leitura com grandes expectativas e felizmente todas elas foram supridas. O livro
reúne todas as crônicas ou livros referentes à Nárnia, mostrando a passagem de
tempo desde quando Lúcia chegou no Ermo do Lampião até A Última Batalha do reino narniano. Quando você inicia e termina a
leitura até parece que se passaram anos da sua vida – no bom sentindo – sendo
que foram apenas semanas, no meu caso.
O
autor utiliza de uma linguagem fácil e fluída para contar a história e se
referir ao leitor, acabando por virar uma conversa entre os dois – autor e
leitor – e muitas vezes Lewis deixava transparecer o que ele achava de tal
situação na trama, mesmo que sutilmente. Essa forma de conversar e contar a história
cria uma intimidade para quem lê – seja a criança ou adulto – e nos dá a
sensação de que nós que estamos lendo somos tão importantes para a história que
está sendo contada como aqueles personagens que precisam salvar Nárnia de um
inverno de cem anos. É muito gostosa essa sensação, de verdade.
Eu
não considero As Crônicas de Nárnia
um livro somente para o público infantil, assim como Alice no País das Maravilhas e o Pequeno Príncipe. Não é de hoje que eu digo que eu adoro romances
infantis por justamente conter essa sabedoria por trás de um enredo e
personagens tão simples, mas que ao mesmo tempo cativa e se tornam histórias
inesquecíveis. Eu tenho absoluta certeza que se eu tivesse lido As Crônicas de Nárnia aos dez anos e
relido agora aos dezenove, o efeito seria o mesmo. Eu poderia ter um olhar
diferente quando criança, porém a satisfação não seria diferente. Acho que essa
é a grande mágica dos livros infantis.
Referente
à trama geral do livro, eu observei algumas semelhanças da história da criação
de Nárnia, principalmente na figura de Aslam, com a história da Criação de
acordo com a visão cristã. Desde o primeiro livro até o último, Aslam é o
personagem central, representando a figura do Criador. Isso fica claro no
último livro com seu desfecho. Não falo isso porque tenho crenças cristãs católicas,
mas sim porque é um fato comprovado. Se você não entendeu essa referência, eu
sinto muito: você não entendeu nada do livro. Além do mais, Lewis também era
cristão e Nárnia era uma alegoria da humanidade em sua pureza de espírito na
figura dos animais falantes e dos reis justos – salvo algumas exceções. Mas o
próprio autor não concorda em se referir a Nárnia como uma alegoria, porém eu
não encontro outro termo melhor. Desculpe, Lewis.
Como
são sete livros reunidos em um só, é justo comentá-los individualmente.
O Sobrinho do Mago
Neste
livro é onde tudo se inicia. Polly e Digory são dois vizinhos que
acidentalmente vão parar no início do mundo de Nárnia, junto com tio André, um
homem ambicioso que se intitulava feiticeiro. Eles acabam embarcando em uma
grande aventura por aquele reino desconhecido, dopando no caminho com a
Feiticeira. Esse livro é muito divertido principalmente pelo tom humorístico
que o autor utiliza para narrar certas situações.
O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa
O
mais famoso das crônicas – tanto que virou filme – conhecemos os também famosos
irmãos Penvensie: Pedro, Edmundo, Susana e Lúcia. Os quatro irmãos passavam as
férias na casa do tio - que adivinhem, era Digory agora mais velho - quando
durante uma brincadeira eles acham um velho guarda-roupa em uma sala isolada.
Lúcia, a caçula se embrenha por lá e... O resto todo mundo já conhece. De fato,
uma aventura emocionante para salvar Nárnia da Feiticeira Branca e um dos meus
favoritos das crônicas.
O Cavalo e seu Menino
Essa
aventura nos apresenta novos personagens e mais sobre o reino de Nárnia que
possui outros dois países povoados por humanos, que são a Arquelândia e a
Calormânia. Conhecemos Shasta, um garoto pobre que vivia na Calormânia, filho
de um pescador que tem a vida mudada radicalmente quando encontra o cavalo
falante Bri, um cavalo de Nárnia. A partir daí, ele descobre tudo sobre o seu
passado e quem ele realmente é. Nesta história temos os irmãos Penvensie ainda
como reis de Nárnia. O livro começa um pouco monótono, mas quando chega a
determinado momento, é impossível largar.
Príncipe Caspian
Pedro,
Edmundo, Susana e Lúcia voltam para Nárnia para ajudar o herdeiro da coroa, o principie
Caspian contra a tirania do reio e tio do rapaz, Miraz. Eu já tinha visto a
adaptação cinematográfica também, mas nada se compara a leitura. Mais batalhas
e momentos épicos marcam esta crônica, sendo também um dos meus favoritos.
Viagem do Peregrino da Alvorada
Somente
Lúcia e Edmundo, com a companhia indesejada do primo Eustáquio retornam a
Nárnia para mais uma aventura. Caspian deseja navegar até as Ilhas Solitárias
para libertar alguns amigos que foram vítimas da tirania do tio, o rei Miraz.
Esse foi o livro mais monótono comparado com as outras aventuras e o que eu
menos gostei, salvo alguns capítulos.
A Cadeira de Prata
Eustáquio
e sua amiga Jill ganham o privilégio de irem para Nárnia para salvar o príncipe
Rilian, que havia desaparecido há uma década. Novamente a fórmula da grande
aventura não falha, com novos protagonistas que não deixam a desejar.
A Última Batalha
Sem
dúvida, o mais incrível e eletrizante aventura dos setes livros. Este foi o que
mais me surpreendeu, tanto com o enredo, como o final que foi totalmente inesperado
e belo. O último rei de Nárnia, Tirian enfrenta um grave problema com um complô
feito pelo macaco Manhoso para tomar Nárnia, vendendo os animais para os
calormanos como escravos. O ingênuo jumento Confuso com uma pele de leão é
obrigado se passar por Aslam, fazendo todos se dobrarem as vontades do macaco.
Eustáquio e Jill retornam para uma Nárnia completamente subjugada e com os
animais sua maioria, desacreditados e com ódio de Aslam. Este com certeza
também são um dos meus favoritos das crônicas justamente por ser diferente dos
outros livros e pelo seu final incrível, junto com todos os personagens da
série que se reúnem nesta aventura.
Um
fato curioso de toda a história de Nárnia é o problema de Susana que não
aparece mais depois do Príncipe Caspian,
porque “não era mais amiga de Nárnia” e “por só se interessar em maquiagem e lingerie”, nas palavras de Pedro e Jill.
O que eu fiquei bem triste pela personagem por querer crescer, mas esquecer das
coisas boas da infância. E é esta a crítica sutil que Lewis faz através de
Susana e no anexo, Três Maneiras de
Escrever para Crianças, que há no final do livro. Essa vontade involuntária
de “ser grande”, mas de não ter mais a pureza, a imaginação e a sinceridade que
se tem na infância. Se bem que, nos dias de hoje, diferente da época do autor,
muitas crianças não querem ser mais crianças e são apoiadas pela sociedade e
até mesmo pelos pais, que contribuem para esse crescimento precoce. É uma
realidade muito triste a que vivemos, e não são poucas as vezes que eu sinto
vontade de voltar à infância, onde tudo era mais simples e o mundo era mais
colorido.
Sãos
livros como As Crônicas de Nárnia que
resgatam essa simplicidade infantil e a criança que há em cada um de nós. A
criança que sonha, que almeja e quer sempre ser criança.
4 comentários
Uma das melhores séries que li. O Sobrinho do Mago, O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa e A Última Batalha são os meus contos preferidos! Lições de vida importantíssimas são passadas por CS Lewis no decorrer das páginas. Amo!
ResponderExcluir@carlosmagno_ecb
http://cantinadolivro.blogspot.com.br
Realmente, muitos ensinamentos podemos tirar desse livro incrível :)
ResponderExcluirEste livro também é uma meta para mim, mas como disse minha filha, que também adora a história e está lendo-o, nós deveríamos ter comprado os volumes separados, pois este livro de volume único assusta e acaba causando preguiça de ler. Mas, mesmo assim, ainda tenho esperança de ler ainda este ano.
ResponderExcluirGostei muito da resenha, pelos filmes fiquei sabendo que a Susana não voltava mais e fiquei triste, mas os motivos apresentados no filme não foram tão esclarecedores. Bem, o livro sempre é melhor.
um abraço
Gisela - Ler para Divertir
Eu fiquei triste pela Susana, eu gostava dela =/ No começo da leitura dá aquela preguiça mesmo kk mas depois eu nem me importei tanto com o número de páginas :)
ResponderExcluirOlá. Lembre-se da cordialidade e do respeito. Qualquer comentário desrespeitoso para com a autora ou com terceiros será excluído.
Obrigada.